25 junho 2009

Chardron

Sempre gostei de livrarias e bibliotecas. Sei que podia ser feliz a viver nelas, a viver todas as vidas dentro dos livros, a devorá-las, a deixar que elas devorassem a minha alma. Pelo menos era o que pensava antes de te conhecer. Agora, tudo o que vejo, vejo-o em ti. Dou por mim a folhear um qualquer livro à espera que ele me diga algo de ti. Dou por mim a tentar mostrar-te tudo o que me preenche os pensamentos. E dou por ti cada vez mais longe.
A asfixia de não saber onde levar os meus passos daqui para a frente é ainda maior por saber que não os levarei até ti.
Não sei escrever por estruturas. Sei, mas não quero.
Não é assim que me sinto, e não vale a pena escrever se não for para despejar a nossa realidade. Egocentrismo amarelado, talvez.
A minha irmã disse-me um dia que ninguém escreve apenas para si mesmo, eu disse-lhe que isso era mentira, que há escritos tão secretos como pensamentos clandestinos, ela porém respondeu que, se são apenas pensamentos, devem ficar voláteis na mente, e não no papel.
Continuo a não acreditar nela, mas sei agora que tudo o que escrevo é para ti, meu querido.
Para que mesmo que um dia te esqueça, te volte a encontrar nas minhas próprias palavras.

(Rosário Pinheiro)

2 comentários:

Lúcifer disse...

gostei da imagem transmite uma sensaçao de infinitude.

qto a escrita, queiramos quer nao, escrevemos smp para algem, e tu escreves muito bem!

abrz =)

Tiago Martins disse...

It's such a great place! Dá vontade de nos perdermos lá dentro.