30 agosto 2008

Agosto

O ano tem uma dúzia de meses e os meses uma mão cheia de dias. De rosa ao peito, tão candentes como tu.
Li-te a manhã no olhar coberto de brilho. Ouvi-te falar e a tua voz sorria. Ofereci-te demão minha morada aberta, essência de mim. Vi-te o reflexo no beijo enamorado. Senti-te o curioso encontro, envolvente acaso, sucesso de vida repartido a dois. Sem planos. Sem agendas. Sem mundos modernos de virtualidade.
A tarde cingiu o teu corpo, três naves, três tramos, séculos de talha, azulejo e pintura, altar-mor de tua boca texturizado. Cingiu o teu corpo, terra e água, braçadas imersas no azul-marinho.
A noite trouxe na voz o sentimento, fado lunar, astro talhado pelo teu compasso. Trouxe na voz o murmúrio de novas brisas, som de fusão, travesseiro do teu regaço. Trouxe na voz a tessitura própria do amor, timbre em sintonia, cidade a contrabaixo de sombras. Cada passo um encanto. Cada esquina uma virtude. Cada rua uma cumplicidade digna de ti.
Vida de expresso, partida e chegada, veículo deste vício atípico de ti. Desfiz-me em tabaco, mortalha em que me envolves, estádios de prosa pela noite dentro. Num coquetel de ópio. Num pretérito mais-que-perfeito do futuro. Num pronome pessoal e plural. Num teatro repleto de palcos e personagens, teres e seres. Num refúgio para sempre teu.
A madrugada concedeu a diáspora, Cristo Rei do teu abraço, e a fervura da pele morena a raiar alvorada. Singela recordação do sol emoldurado em bricabraques de sonhos.
A paixão tomou outro nome, outra força, outro poder. Chamar-lhe amor é ser dois e um só corpo: em horas rubras, em horas vãs, em todas te quero perto de mim...




Quem tem, quem tem
Amor a seu jeito,
Colha a rosa branca,
Ponha a rosa ao peito.

(Mariza)

08 agosto 2008

08.08.08

Hoje a literatura é o mito da realidade, o palíndromo, o comboio para algures, o veículo para uma única ocorrência de fiorde.


Expect the best and prepare to be surprised.

(Denis Waitley)