12 dezembro 2009

Já Ninguém Morre Por Amor

O conceito de sociedade metamorfoseou-se no de economia de mercado. A unidade, mais monetária do que afectiva, dinamiza agora a troca da mercadoria em vias de extinção. Oferta e procura de sentimento.
Até a rotina é efémera em toda a sua eternidade. Sucessão de prioridades de câmbio. Câmbio de sucessão de prioridades. A ideologia esboça o ser humano a contemplar o lucro e a moeda, uma subsistência demasiado onerosa. A sua.
Já ninguém morre por amor. Já ninguém oferece de si ou age em prol.
Toda a sensibilidade é hoje estultícia e pragma, eufemismo e lado supérfluo das coisas. Qualquer outra memória evoca o revivalismo da época em que o respeito e a lei sublimavam a lealdade pelo próximo. Sem contratos. Sem juros.
Porém, a política vigente estriba-se a conta-gotas. Penhora de pensamentos, palavras e acções no usurário onde mais tarde se vai recuperar ou cobrar.
A humanidade está soterrada em problemas. Eu só sinto a tua falta.

02 dezembro 2009

Yo Quiero Ser Diciembre


Quién habla del amor? Yo tengo frío
y quiero ser diciembre.

Quiero llegar a un bosque apenas sensitivo,
hasta la maquinaria del corazón sin saldo.
Yo quiero ser diciembre.

Dormir
en la noche sin vida,
en la vida sin sueños,
en los tranquilizados sueños que desembocan
al río del olvido.

Hay ciudades que son fotografías
nocturnas de ciudades.
Yo quiero ser diciembre.

Para vivir al norte de un amor sucedido,
bajo el beso sin labios de hace ya mucho tiempo,
yo quiero ser diciembre.

Como el cadáver blanco de los ríos,
como los minerales del invierno,
yo quiero ser diciembre.

(Luis García Montero)

Nada podia ser melhor, mais bem feito ou mais bonito.
Este mês eu quero ser egoísta, mas dedicado; certinho, calado e fechado, mas louco, falador e muito mais aberto...